A inteligência da velhinha

Há vários séculos acontecera um grande cerco à cidade de Carcassona, na França. Já não havia mais o que se comer. Desesperado, o prefeito reuniu o povo para falar a respeito da inevitável rendição, porque as provisões se acabaram. Uma velhinha esquelética e mal vestida gritou em protesto:
-Nunca! Isso não. Não é hora para desânimo. Siga a minha orientação e verá como o inimigo nos deixará logo. Salvemos a cidade e as nossas vidas!
Vendo-a tão convicta, o prefeito decidiu atendê-la.
-Traga-me uma vaca, antes de mais nada - ordenou a velhinha, decidida.
-Não há mais vacas, todas já foram sacrificadas - exclamou o prefeito.
A senhora insistiu. Os soldados e o povo saíram vasculhando a cidade, até que encontraram uma escondida num estábulo e a trouxeram.
-Agora preciso de um grande caldeirão de comida consistente - disse ela.
Novo protesto e nova insistência, até que a exigência foi cumprida, e a vaca comeu toda comida. Depois disso, a velhinha ordenou à sentinela que abrisse o portão e impelisse a vaca para fora.
Vendo a vaca, os inimigos conduziram-na ao acampamento e lá começaram as ponderações desanimadoras, até que decidiram matar o animal para terem carne abundante. Quando depois de morto, o abriram e ficaram espantados ao ver que em seu estômago havia variedade de cereais.
Ao saber do fato o comandante, perdendo totalmente a esperança de uma vitória através do cerco, falou:
-Se o povo dessa cidade ainda tem tanto alimento estocado, ao ponto de oferece-la aos animais, não será para tão cedo a sua rendição. É bastante provável que aqui no acampamento a gente passe fome antes deles... Pensei que já estivessem famintos, mas me enganei. A prova está que eles não comeram a vaca. Devem ter provisão em abundância.
Foi assim que naquela mesma noite, desanimado, o comandante reuniu os soldados com seus oficiais e votaram deixar o acampamento e abandonar a ideia de persistir no cerco.
E dessa maneira a cidade de Carcassona ficou novamente livre e independente. O povo, feliz com a saída inteligente da velhinha, carregou-a em triunfo num desfile e decidiram sustentá-la de forma digna e confortável pelo resto de seus dias.
Ela salvou a cidade, ao ponderar com inteligência sobre a situação e depois solucionar com astúcia e perspicácia o problema angustiante do povo.

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