Amor de Mãe
Sou um caminhoneiro. Eu estava sozinho em uma longa viagem, no meio da noite.
Chovia muito, os faróis acesos, o rádio
permanecia ligado, mantive uma velocidade até moderada, o som do motor
do caminhão soava silenciosamente, o limpador de para-brisa dançava pra
lá e pra cá.
Raramente passava-se um carro na direção
oposta, a cada curva diminuía a velocidade, nos espelhos apenas a
escuridão. Confesso que estava com medo, e muitos absurdos passavam pela
minha cabeça, e para distrair aumentava o volume do rádio e cantava a
melodia, mesmo sem saber a letra.
A chuva cada vez mais grossa, o barulho
dos pingos sobre o carro, somava-se com o barulho das águas espalhadas
pelos pneus, dominando qualquer possibilidade de silêncio. Meus olhos
fixavam-se na pista quase sem piscar, de repente...
Surgiu alguma coisa estranha a uma certa
distância, eu ainda não podia distinguir o tal fenômeno. Diminuí a
velocidade, meus olhos ficaram atentos, fui aproximando cada vez mais, o
coração palpitava acelerado, a respiração aumentava, o medo em mim
instalou-se.
Tratava-se de uma mulher, ela chorava
bastante, pedia por socorro, abria os braços suplicando que eu parasse,
eu estava confuso, não parei, por temer que fosse assalto. Quando eu já
estava a uma certa distância razoável, avistei aquela pobre mulher
ajoelhada e acenando para que eu voltasse, então engatei a marcha a ré e
voltei devagar e atento.
Ao chegar até a mulher, desci do carro
debaixo de intensa chuva, ela apontava para um penhasco, tratava-se de
um acidente, comecei a descer o barranco escorregando daqui e dali.
Havia um carro tombado e um forte choro de criança, resgatei o pequenino
que estava com graves ferimentos, no banco do motorista havia uma
pessoa, estava presa no cinto de segurança, quando removi a vitima
estava esmagada e morta.
Levei um choque, era a mãe do menino, a
mesma mulher que estava na pista pedindo socorro. Fiquei imóvel por
alguns segundos, logo após, disparei para a pista com a criança nos
braços e não havia mais ninguém.
Prestei o mais rápido socorro ao bebê.
Desse dia em diante, passei a acreditar que a fé remove mesmo montanhas.
Toda fé tem Deus lá em cima. E que o amor maior do mundo é o amor de mãe. O menino não teve sequelas e mora com os padrinhos.
Desconheço o autor
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