Filhos
Aí você pensa que é de ferro e se põe de armadura, por que ele chegou.
Fica bobo, mole no abraço, falando a linguagem dos bebês.
Brinca de gatinho na sala, busca o super-herói da moda com a capa mais bacana ou a boneca com o vestido mais bonito.
Vai ler sobre como responder perguntas sobre sexo em linguagem infantil.
Reaprende verbos, história, ciências e matemática.
Amanhece por que ele está com febre, ou por que ainda não voltou da balada.
Fala bobagem só para ver sorrir, fala sério para que não sofra.
Chama a atenção para a blusa, a chuva, e sobre a realidade da vida lá fora.
Cura joelho ralado, quer curar coração magoado.
Fala do bem do bom e dos muitos contrários também.
Quer que ele tenha dois anos aos onze meses, para que caminhe logo.
Que ele tenha cinco anos aos quinze, por medo das novas descobertas.
Quer que ele tenha a maturidade dos quarenta aos dezoito anos.
Quer ser uma mosca para ouvir certas conversas.
Quer ter asas para estar sempre por perto.
Fica alerta, sempre de plantão em sua defesa, lustrando a armadura em qualquer sinal de perigo.
Sim ter filhos é assim, não tem jeito.
É você, com toda sua frágil humanidade desejar ser de ferro o tempo todo.
E ter que se acostumar a ver e sentir seu coração batendo, voando, e vivendo fora do peito.
Filhos, o amor mais bonito, amor demais!
Rita Maidana
Comentários
Postar um comentário