Pedido ou ordem do Rei
Um rei estava querendo muito ouvir um grande músico tocar.
Por meio de um emissário ele enviou ao músico uma mensagem pedindo que ele fosse à corte tocar seu instrumento, uma Vina.
Ele estava disposto a pagar qualquer quantia para ouvi-lo. Em resposta o músico disse: que o rei provavelmente não sabia que não é possível produzir boa música por encomenda, e continuou, "Agradeço o rei pelo convite mas, se o rei deseja me ouvir tocar eu posso ir tocar a minha Vina, mas é preciso levar em conta que não será a mesma Vina que o rei quer ouvir, nem eu serei o mesmo músico que ele quer ouvir tocar. Algum dia posso me apresentar a corte, se assim deseja o rei, mas ele terá que esperar. Hoje não pode ser. Quando eu estiver de bom humor e minhas pernas e minha mente me levarem a corte eu irei".
O rei ficou muito incomodado com essa resposta. Os cortesãos sentiram o mesmo incômodo. Pela primeira vez o rei compreendia a diferença entre dar uma ordem e fazer um pedido.
Tudo que é importante na vida, tudo que vale a pena só pode acontecer mediante a um pedido, uma oração, mas uma ordem não tem o mesmo valor se você pede algo com devoção. Tem que esperar. Uma ordem pode ser atendida imediatamente, no mesmo instante.
O rei entendeu que se ordenasse ao músico que tocasse a Vina em sua corte não seria a mesma música que ele gostaria de ouvir. O rei queria ouvir música de verdade, por isso pediu ao músico da corte que encontrasse uma solução.
O músico da corte disse: existe uma saída. Se o músico não pode vir à corte, podemos ir à casa dele.
O rei perguntou: Que diferença faz se o músico vem aqui ou nós vamos à casa dele?
O músico da corte respondeu: Há uma grande diferença Majestade, para encontrar o que é importante na vida é preciso fazer um esforço, não podemos esperar que isso aconteça enquanto estamos sentados em casa, é preciso dar alguns passos em direção a isso.
O Rei concordou.
O músico da Vina era um faquir, uma pessoa muito humilde que vestia farrapos, por isso o músico da corte avisou que não era conveniente que fossem a casa do músico vestindo trajes da realeza, se fizessem isso ocorreria a mesma situação de antes. Então ele sugeriu que o rei usasse roupas comuns.
O rei perguntou: qual é o problema dessas roupas? Nós vamos ouvir a música, a roupa que vestimos não tem importância nenhuma.
O músico da corte argumentou: as roupas fazem muita diferença, com as roupas da realeza Sua Majestade continuará sendo Rei aonde quer que vá e ele não poderá tocar a música que queremos ouvir, quando ele quer que a vida lhe conceda algo de valor é preciso que se aproxime dela como um mendigo e não como um rei. É preciso que chegue com as mãos estendidas em uma Súplica. Mas se for com as roupas reais não poderá implorar, estas roupas são adequadas para sentar no trono mas não para sentar no chão diante de humilde músico.
O rei concordou em vestir as roupas comuns.
Os dois se dirigiram à casa do músico, era tarde e já anoitecia, o músico da corte também levou sua Vina e ambos se sentaram no chão perto da porta, o músico da corte começou a tocar seu instrumento, ele tocava muito bem e havia uma composição em particular que ele adorava tocar e o fazia com muita destreza no entanto, cometeu vários erros de propósito. O músico abriu a porta e perguntou: quem está tocando essa peça? Não se toca assim.
- O músico da corte, ele respondeu humildemente, não sei tocar melhor. Estou tocando o que aprendi mas se alguém puder me corrigir estou sempre disposto a aprender.
O músico sacou sua própria Vina e começou a tocar, o rei ficou Maravilhado!
Quando o músico terminou de tocar o rei disse: talvez você não esteja me reconhecendo sou o rei que mandou ir a corte, por fim consegui.
O músico disse: aqui a situação é muito diferente, desta vez não fui chamado nem estou lhe pedindo um favor, a sua atitude permitiu que se criasse uma situação que me motivou a tocar, nada me obrigou a fazer isso.
Moral da história: quando você se aproxima das portas da divindade ocorre algo parecido, ninguém ordenou que estivesse ali você deve fazer isso por devoção, não pode entrar vestido como rei tem que ir como um mendigo, tem que entrar com total modestia, com as mãos estendidas, não vá com uma postura autoritária vá com grande humildade, como um pobre de espírito. Como dizia Jesus "você tem que ir como os mansos". Tem que ficar diante das portas da divindade como um mendigo desamparado humilde e faminto.
Desconheço o autor
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