De repente

De repente, tudo é tão simples que assusta. As pessoas estão perdendo algumas necessidades, que antes eram fundamentais e hoje se tornam insignificantes.

Estamos reduzindo a bagagem e deixando na mala apenas as cenas e as pessoas que valem a pena. As opiniões dos outros são apenas dos outros e, mesmo que sejam sobre nós, não têm a menor importância. Nada vai mudar

De repente passamos a valorizar o que tem valor e a amar de forma diferente as verdades já vividas. De repente, estamos abrindo mão das certezas, porque com o tempo não temos mais certeza de nada.

E de repente isso não é menos necessário, porque o que nos resta é ser apenas feliz. Percebemos que hoje é apenas agora e nada, absolutamente nada mais do que isso. Deixamos de julgar, porque já não existe o bem nem o mal, mas a vida que cada um escolheu viver.

De repente, o improvável se torna a regra. O extremo se torna o meio-termo, porque diariamente percebemos que nada é exato e tudo se torna muito instável para ser decisivo ou absoluto.

De repente, o reverso se inverte. Finalmente entendemos que tudo o que importa é ter paz e tranquilidade. É viver sem medo e simplesmente fazer algo que alegra o coração naquele momento. É ter fé. E só isso.

De repente a saudade se transforma em um sentimento devastador e descobrimos que o coração fala mais alto, então esse sentimento único e profundo está acima de qualquer razão.

De repente, tentamos compreender sentimentos, nunca compreensíveis aos olhos de outras pessoas. Descobrimos o verdadeiro valor da verdade e com ela vem a plena certeza de que ter dignidade, transparência e retidão de caráter são qualidades obrigatórias para viver bem com os outros, com o mundo e, acima de tudo, consigo mesmo.

De repente descobrimos que os planos traçados e escolhidos por nós são só nossos, porque de repente, no meio dos nossos planos, chegam as escolhas de Deus.

Elaine Matos

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